PS festeja vitória, AD assume-se aquém dos objetivos e Chega segura terceiro lugar

por Joana Raposo Santos, Graça Andrade Ramos, Inês Geraldo, Paulo Alexandre Amaral - RTP
José Sena Goulão - Lusa

Numa noite com algumas surpresas, o Partido Socialista foi o vencedor das eleições europeias deste domingo em território nacional, mas com pouca margem para a Aliança Democrática: arrecadou 32,10 por cento dos votos, ao passo que o partido do Governo conseguiu 31,12 por cento. No total, os socialistas elegem oito eurodeputados e a AD sete.

Em terceiro lugar ficou o Chega, que recolheu 9,79 por cento dos votos e dois mandatos, mas também este com pouca diferença para o partido seguinte: a Iniciativa Liberal alcançou o quarto lugar com 9,07 por cento e também dois mandatos.

Segue-se o Bloco de Esquerda (4,24 por cento, um eurodeputado eleito) e o PCP (4,12 por cento e um mandato).

Seguem-se, sem mandatos eleitos, o Livre (3,75 por cento), o ADN (1,37 por cento) e o PAN (1,21 por cento).

Os restantes partidos não chegaram a um por cento dos votos.Marta Temido: “Os portugueses confiaram no projeto da Europa que temos”
A cabeça de lista do partido vencedor nestas eleições afirmou, na reação aos resultados, que a campanha do PS demonstra a forma como o partido está na política: “Junto das pessoas, com as pessoas, a trabalhar pelas pessoas e para as pessoas”.

“Os portugueses confiaram no projeto da Europa que temos”, declarou Marta Temido.

“O PS conseguiu hoje mais votos do que nas últimas eleições europeias, e eu agradeço-vos por terem respondido ao meu apelo de transformarem a gratidão e a esperança que recebemos nas ruas em votos nas urnas e em mandatos no Parlamento Europeu”, acrescentou.
Antes, também em discurso na sede do PS, o secretário-geral do partido considerou que Marta Temido “foi uma grande candidata” e fez uma campanha “fabulosa”, destacando o facto de ter sido a primeira mulher a vencer uma campanha nacional para as europeias.

O líder socialista aproveitou para lançar críticas a Luís Montenegro pela sua atuação na campanha eleitoral. “O Governo nacionalizou esta eleição. Não tenho memória de ter visto um Governo tão envolvido numa campanha para as europeias como nestas”, acusou.
Bugalho assume derrota
No seu discurso, Sebastião Bugalho declarou que este não foi um dia de derrota para a Aliança Democrática. No entanto, o cabeça de lista da AD disse assumir com humildade democrática que a vitória foi de Marta Temido.
O primeiro-ministro, acompanhado de Sebastião Bugalho, também admitiu a vitória do PS, afirmando que a AD não cumpriu os objetivos para estas europeias.

Luís Montenegro elogiou os portugueses que votaram e ainda deixou palavras de apreço por José Luís Carneiro, antigo ministro da Administração Interna, que deu início ao processo de voto em mobilidade.

"O objetivo da AD sempre que entra numa eleição é para ter pelo menos mais um voto que qualquer outra fora partidária. E quero assumir como líder desta coligação que nós não cumprimos esse objetivo", afirmou.
Chega propõe-se ir "com tudo" para Bruxelas
O cabeça de lista do Chega admitiu que o partido não alcançou os seus objetivos. "Não vim para ter um tacho, não vim para ser promovido a qualquer coisa, não vim para ter um futuro, porque eu tenho um passado". António Tânger-Corrêa garantiu também que o Chega vai para Bruxelas "com tudo".

O cabeça de lista garantiu que vai "representar Portugal" apesar de lamentar a eleição de apenas dois eurodeputados por parte do Chega.
"Nós vamos para lá para fazer a diferença, nós vamos para lá negociar, nós vamos para lá principalmente para representar aquilo que Portugal precisa: os nossos agricultores, os nossos pescadores, os nossos industriais, os nossos produtores, os nossos portugueses que até agora têm sido desprezados".

André Ventura também reconheceu que o Chega não teve um dia bom nestas europeias mas deixou farpas à Iniciativa Liberal por ter pensado ter ficado em terceiro lugar.

"Era ver o entusiasmo deles ao início da noite, ao ultrapassarem o Chega. O frenesim por todas as televisões, jornais e sedes partidárias para no fim da noite se perceber o óbvio: o Chega não venceu mas ninguém nos ultrapassou em ranking de forças políticas".
João Cotrim de Figueiredo: "Em cinco anos estamos em todos os parlamentos"
O cabeça de lista da Iniciativa Liberal às eleições europeias, João Cotrim de Figueiredo, celebrou esta noite o "melhor resultado eleitoral de sempre" do partido.

"Em cinco anos estamos em todos os parlamentos, em cinco anos desmentimos aqueles velhos do Restelo que diziam que o liberalismo não tinha hipóteses em Portugal. Tem, tem sim!", exclamou, sob um grande aplauso.
"Hoje provámos, crescemos, crescemos muito e vamos continuar a crescer", acrescentou, liderando o entusiasmo da assistência na palavra de ordem "o liberalismo funciona e faz falta a Portugal".

"Viemos para ficar, viemos para fazer de Portugal um país mais liberal, e estamos aqui para nunca dar tréguas nem aos socialistas nem aos populistas", frisou Cotrim.

A Iniciativa Liberal obteve um dos melhores resultados da noite, com 9,07 por cento dos votos, ultrapassando a votação obtida nas eleições legislativas e elegendo dois eurodeputados, o mesmo número que o Chega, apesar de este se manter como terceira força política.
Catarina Martins: mandato do BE “será pela paz”
A cabeça de lista do BE declarou que, numas eleições “muito difíceis e num momento complicado em toda a Europa, o Bloco de Esquerda mantém representação no Parlamento Europeu”.

“A Europa vive um momento difícil. Viemos a esta campanha a saber do perigo da extrema-direita”, frisou Catarina Martins.
A candidata sublinhou que “o mandato do Bloco de Esquerda no Parlamento Europeu será um mandato pela paz e pelo fim do genocídio na Palestina”.

“Não aceitamos o Pacto das Migrações e a vergonha criminalização da imigração, da mesma forma que não aceitaremos nenhum recuo nas liberdades e nos direitos das mulheres ou de ninguém”, vincou.

“A nossa Europa e o nosso país é de iguais e é pela igualdade que lutamos sempre”.

A coordenadora do partido, Mariana Mortágua, afirmou por sua vez que “a inteligência, a determinação, a energia, a competência” com que Catarina Martins fez esta campanha são as mesmas que vão “levar para o Parlamento Europeu onde vai representar a esquerda”.

A bloquista falou ainda numa “derrota da extrema-direita face aos resultados das legislativas”.
João Oliveira prometeu fazer ouvir a voz do povo
João Oliveira falou aos simpatizantes comunistas depois de a CDU ter confirmado a sua eleição nestas Europeias, prometendo continuar a fazer ouvir a voz do povo quando estiver em Estrasburgo.

O cabeça de lista comunista agradeceu a quem fez a "opção corajosa" de votar na coligação, "contrariando o obscurantismo, o conformismo com que se procurava condicionar e aprisionar as consciências".
"Não se deixaram condicionar pelo medo, pelos dogmas, sejam eles os do neoliberalismo ou do militarismo, ou pela lógica da política de confrontação como única saída para as relações entre os povos", declarou.
Livre, ADN e PAN sem mandatos
O Livre apontou uma "grande polarização" das europeias. Rui Tavares sublinhou que o partido ficou perto de eleger Francisco Paupério e falou numa noite “triste”.

"É uma noite triste para o Livre. Valorizamos o que conseguimos (...), mas há também frustração por não conseguir a eleição e uma derrota em que o Livre, com um resultado muito perto dos 4%, não consegue eleger", lamentou.
"É o tipo de resultado que, em qualquer cenário normal, nos permitiria estar aqui a fazer a festa. Infelizmente não estamos. É uma noite em que o Livre perde as eleições e eu quero assumir essa derrota", disse o porta-voz, perante dezenas de apoiantes no Teatro da Luz, onde o partido acompanhou a noite eleitoral.

Joana Amaral Dias, candidata do ADN, garantiu que o partido honrará “todos os votos”.

No PAN, Inês Sousa Real considerou que os resultados desta eleição são um percalço no percurso do partido. O candidato Pedro Fidalgo Marques assumiu a derrota.
"O nosso mandato foi perdido em 2020 e o objetivo de o resgatar era um objetivo difícil, mas nós nunca voltamos as costas a objetivos e a tarefas difíceis, porque quem ficaria a perder e quem ficou a perder foram as causas que o PAN representa", salientou o cabeça de lista.
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